sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Godzilla: Final Wars - Um Filme que divide Opiniões

Godzilla renascendo do Gelo
Godzilla  é com certeza um dos maiores marcos do cinema. Personagem cativante, que com suas imensas presas e seu rugido ameaçador, estabeleceu o conceito de Kaijuu ou monstro gigante em todo o cinema. Os filmes que vieram dele tem uma mitologia própria, misturando elementos de catástrofe ambiental, ficção científica, tensão, ação e aventura. Um anti-herói que representa o medo da humanidade em relação as consequências da guerra, grande símbolo do terror japonês frente a ameaça atômica. Nem preciso dizer também o quanto Godzilla foi marcante pros tokusatsus, estabelecendo a tecnologia e conceitos desse tipo de produção. 

Cartaz do Filme

Godzilla: Final Wars ou Godzilla: A Guerra Final é o ultimo filme japonês da franquia, lançado em 2004 e produzido pela Toho Company. Dirigido por Ryuhei Kitamura, é o filme de número 28 dos filmes do monstrão produzidos pela empresa, isso sem contar as versões americanizadas, como a mais recente, de 2014.

Godzilla: Mais ameaçador do que nunca
O filme quando foi lançado, dividiu opiniões dos críticos. Uns amaram, outros odiaram. E na humilde opinião deste blogueiro que vos escreve, é difícil não ficar dividido, mesmo sendo um grande fã da franquia Godzilla. Bem, falando em números, o filme não foi muito bem, custando quase 20 milhões de dólares dos cofres da Toho (a produção mais cara da empresa) e só arrecadou 12 milhões de dólares nos cinemas nipônicos. Má divulgação ou má distribuição? Talvez, não sei dizer especificamente o porque do filme faturar tão pouco, apesar de muitos gostarem, em meio as críticas mistas. Já vi filmes bem piores que esse faturarem mais.

Mothra enfrenta Gigan
O enredo do filme é bem original, e de fato, boa história ele tem. A trama se passa num futuro distante, onde por causa da poluição e guerras humanas, o número de Kaijuus tem crescido e se tornado uma frequente ameaça. Para detê-los, o Japão criou a "Earth Defense Force" (Força de Defesa da Terra) que tem como objetivo combater as criaturas. Descobre-se também a existência de super-humanos, dotados de poder e habilidades acima do nível comum, batizados de Mutantes. A EDF percebe que os mutantes são eficientes soldados e tem potencial para enfrentar monstros e criam uma subdivisão de soldados mutantes para eliminar os Kaijuus, chamada Organização M.

Ozaki, o mutante protagonista
Com o poder de fogo dessa nova organização, Godzilla, considerado o mais perigoso e poderoso monstro da terra, é vencido num combate no polo norte onde o lagartão é soterrado pelas camadas polares e congelado vivo. Anos depois, descobre-se a existência de um estranho Kaijuu, que na verdade é Gigan, um monstro-alien-ciborgue cuja mesma substância existente em seu corpo, existe no DNA dos mutantes. Durante as investigações sobre esse estranho monstro e o porque de sua existência, as fadas que servem ao monstro Mothra (a mariposa gigante, de filmes como Godzilla Vs Mothra de 1992) aparecem para o soldado mutante Ozaki, membro da organização M, lhe avisando que o destino do mundo estaria em suas escolhas, e lhe entregando um estranho objeto.

Os vilões da história: Os Aliens Xillians 

Em meio a tudo isso, surgem os Xillians (pronuncia-se "Zillians" ou "Éxis - Seijin" no bom japonês), aliens inicialmente com a aparência de boas intenções mais que se revelam como uma ameaça aos seres humanos. Esse seres humanoides tem além de poderes sobrenaturais e tecnologia avançada, a habilidade de controlar os Kaijuus e utilizá-los como armas ao seu bel-prazer (isso já aconteceu em filmes mais antigos). Para deter essa nova ameaça, que desfragmenta toda a Organização-M, os soldados remanescentes decidem partir para o polo Norte para descongelar Godzilla, para que o Daikaijuu enfrente os outros monstros controlados pelos Xillians.

Alguns dos monstros do Filme

Bem, esse filme consegue mesmo me deixar dividido. apesar do enredo bom, ele não apresenta nada de extraordinariamente novo, já que toda a história e acontecimentos do filme são pressupostos para que Godzilla (ou "Gojira" como os japas pronunciam) caia na porrada com monstros antigos de sua mitologia. Gigan, Anguirus, Ebirah, Rodan e outros monstros que já rivalizaram com ele em outros filmes reaparecem para enfrentá-lo controlados pelos Xillians. O filme também apresenta cenas de ação protagonizadas pelos personagens humanos como o mutante Ozaki, O capitão Gordon e a bióloga Dra. Myuki, além de algumas cenas de combates com naves espaciais.

Godzilla também encara Gigan

Na cena inicial, Ozaki troca socos com um companheiro mutante e rival,  Kazama, durante seu treino. As lutas são bem exageradas, além de muito mal feitas às vezes. Algumas coisas são bem forçadas, como nessa luta inicial, que já não passou aquela primeira boa impressão. Um dos dois aplicando um Arm Lock ou chave de braço suspenso no ar, foi no mínimo inusitado. O filme acaba tendo algumas cenas assim, que de tão absurdas, fazem decair um pouco a qualidade. Outro exemplo é a cena em que Ozaki troca socos com um inimigo montado numa moto, depois de trocarem tiros e sem motivo nenhum jogar as armas fora (WTF???). Não sei, talvez eles quisessem mostrar o quanto só mutantes eram superiores aos humanos, mas não convenceu. Outras coisas, como o o efeito de acelerar os movimentos dos golpes são tão artificiais que chega a dar desgosto.

Ozaki e Kazama

Confesso que nos primeiros minutos que assisti, depois dessa cena inicial, eu estava esperando uma verdadeira catástrofe cinematográfica. Os atores são até razoáveis mas o ritmo da história se passa de um jeito acelerado e que não dá pra se aprofundar tanto nos  protagonistas, não consegui pegar simpatia por quase nenhum deles, afinal, todos eles são apenas espectadores para a chegada do lagarto gigante que dá nome ao filme. Claro, sempre temos uma exceção, e nesse caso um personagem que conseguiu me fisgar foi o valente e turrão Capitão Douglas Gordon, soldado americano que foi o responsável por soterrar Godzilla alguns anos atrás. Interpretado por Don Frye. Pra quem não manja de luta, Don Frye foi um grande nome das artes marciais mistas, chegando a ter lutas marcantes nos eventos Pride e nos primórdios do UFC. 


Don Frye como o bigodudo Capitão Gordon! 
Conhecido pelo jeitão casca grossa e o inconfundível bigode que o torna idêntico ao Haggar do jogo Final Fight, o lutador compôs bem o personagem e passou exatamente a imagem de capitão durão e Badass que ele exigia, mesmo Don não tendo aqueeelaaa atuação memorável. Curiosamente, todos os diálogos do lutador/ator são em inglês, ou seja, quem nos cinemas do Japão não manjasse nem um pouco de inglês ia se ferrar para entender o que ele falava. O filme também conta com vários figurantes americanos, e algumas partes são todas em Inglês.

Zilla aparece pra tomar uma bem dada e merecida surra
Passando as partes protagonizadas pelos personagens humanos, que são meio chatas e não empolgam, lá pelos 40 minutos, tudo muda. Quando Godzilla é solto de sua prisão de gelo, aí sim, ao meu ver, o filme começa. O bichão está mais puto do que nunca, soltando raios e destruindo tudo ao seu redor, sem pena nenhuma. Uma das mais marcantes cenas é quando Godzilla encara sua primeira versão Americanizada, o bizarríssimo Zilla, o "Godzilla" do filme americano de 1998, que entra na minha lista de filmes pra se esquecer que existem. O pobre coitado não dura um raio sequer e ainda vem o engraçadíssimo diálogo do vilão Xillian: "Sabia que esse comedor de atum não serviria pra nada!". Japoneses não perdoaram e zoaram o filme da pior forma possível! Eu achei foi pouco, os caras deveriam tomar vergonha na cara de chamar aquilo de Godzilla. Outro ponto curioso, é que nesse ponto do filme, tem ainda a participação de uma música da banda canadense Sum 41. 


O ameaçador Monster X
No resto do filme temos boas cenas do Godzilla lutando contra seus inimigos clássicos. Bem caracterizado, o monstro faz lutas boas, com cenários bem feitos e cheios de cor e efeitos visuais bacanas. A luta final, contra uma versão modernizada do King Ghidorah, monstro de 3 cabeças, é o ponto alto do filme, a luta é animal! A destruição provocada em Tóquio também é muito boa, criando aquele clima de devastação que não pode faltar em histórias de monstros gigantes!


Godzilla também passa sufoco em algumas lutas

O vilão principal dos Xillians, interpretado pelo ator Kazuki Kitamura (Kill Bill Vol.1, dentre outros filmes) é um personagem bem legal. Típico vilão irônico e sádico, que vê os humanos como mero gado, que com as sobrancelhas estranhas do ator ganhou uma cara ainda mais ameaçadora. Ainda assim, conseguem estragar alguns dos seus melhores momentos, como sua luta contra Ozaki, onde ele começa a brilhar (???) em amarelo e seu cabelo arrepia (acho que você pegou a referencia). No geral, a cena de luta final dos personagens humanos é bem meia boca, e o diretor não consegue aproveitar nem a pericia de Don Frye em artes marciais, já que as lutas com ele são fracas também. Talvez eu esteja pegando pesado, mas recomendo assistir e tirar suas conclusões.

Kazuki Kitamura e suas sobrancelhas no papel do líder dos Xillians 

O desenrolar da história é razoável, não tem grandes surpresas, mas tudo parece ter sido bem pensado no que se refere ao pressuposto inicial do filme. A história é bem diferente, afinal, aliens, mutantes e Kaijuus no mesmo filme? E tudo ligado de certa forma? É um projeto no mínimo ousado não? O ritmo de aventura em si é empolgante, e o contexto da história, os mutantes e sua ligação com os Xillians, ameniza um pouco as bizarrices que citei antes.

O grandioso Rodan

Alguns personagens sequer precisavam existir. Como o pequeno monstro Minilla, que seria o filho de Godzilla, não tem utilidade nenhuma no filme, além de aparecer seguindo o Godzilla nas cenas dos créditos. O que talvez empolgue mesmo no filme é a nostalgia. Poder rever inimigos gloriosos do monstro em versões novas e combates grandes. Fizeram de tudo pra esse filme ser um épico de muita ação intensa e contínua, mas a falta de cuidado em alguns pontos, momentos artificiais e que não convencem, lutas forçadas, e desenrolar tedioso em alguns momentos, levou o filme a vacilar um pouco. 

O rugido de Anguirus
No geral, você sente vontade de vê-lo até o fim, e na questão de visual, tem muitos momentos legais, mas às vezes parece que o filme não é feito pra ser levado a sério, apenas pra ser uma homenagem a franquia, e talvez um daqueles filmes onde você apenas quer ver explosões, tipo de produção despretensiosa, só pra se divertir mesmo.

A equipe do Capitão Gordon, Soldados da Organização-M

Se você gosta do gênero monstro gigante e do Godzilla especificamente, pode considerar uma grande homenagem, que revitaliza toda a magnitude dos clássicos. Agora, eu não recomendo que alguém que quer conhecer o gênero assista esse filme como porta de entrada.

Abraço fraterno entre Kaijuus

No geral, foi divertido, mas deixou a desejar em alguns pontos. Assistam e tirem suas próprias conclusões. Valeu!

Godzilla impondo respeito no Monte Fuji

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