quinta-feira, 30 de julho de 2015

The Flash: uma série espetacular [Visão Paralela]


Primeiramente, abro este texto agradecendo ao Antonio Souza pela oportunidade de eu poder dar a minha visão sobre a série, e compartilho aqui a excelente matéria criada por ele recentemente:


Bem, eu conhecia muito pouco sobre o Flash e seu universo antes de assistir a série. Pra ser sincero, conhecia apenas a série antiga, a qual gostava, e o Flash dos desenhos da Liga da Justiça, Wally West. Tinha uma visão bem ruim do personagem, pois Wally sempre foi um tipo piadista e brincalhão, e eu tenho aversão a personagens assim.

Contudo, ver a trajetória de um herói em nascimento mudou minha opinião, ou melhor, me fez ver o personagem de maneira mais profunda. Barry Allen é um grande personagem, um herói que começa sua trajetória com brilhantismo e muita ombridade. Imagino que grande parte das pessoas que assistiu Flash já tivesse alguma noção do que iria ver, mas, para mim, tudo era incógnito, e cada novo episódio era um advento, uma fascinação.

Sinopse (Wikipédia):

Após testemunhar o estranho assassinato de sua mãe e a injusta acusação de seu pai pelo crime, Barry Allen fica sob os cuidados do detetive Joe West e sua filha Iris West. Allen se torna brilhante, mas socialmente um perito desconhecido trabalhando para o Departamento de Polícia de Central City. Sua obsessão por seu trágico passado faz com que ele fique separado das demais pessoas ao seu redor; ele investiga casos frios, ocorrências paranormais, e vazamentos de ponta de avanços científicos que podem dar uma luz no caso do assassinato de sua mãe. Ninguém acredita em sua descrição do crime — uma bola de raio com o rosto de um homem invade sua casa naquela noite e mata sua mãe — e Allen é forçado à procurar por si mesmo pistas que limpem o nome de seu pai. Quatorze anos depois da morte de sua mãe, um mal funcionamento no avançado Acelerador de Partículas, durante sua apresentação ao público, banha a cidade com uma forma de radiação previamente desconhecida durante uma tempestade. Barry é atingido por um raio da tempestade e banhado em produtos químicos em seu laboratório. Acordando depois de um coma de nove meses, ele descobre que tem a habilidade de se mover mais rápido que qualquer ser humano. O Dr. Harrison Wells, criador responsável pela falha do Acelerador de Partículas, descreve a natureza especial de Barry como um "meta-humano"; Barry, mais tarde, descobre que ele não é o único que mudou com a radiação. Ele promete usar seus poderes para proteger Central City dos riscos criminais dos meta-humanos. E então, associado por alguns amigos próximos que guardam seu segredo, adquire uma nova personalidade conhecida como Flash.

Pois bem, com a premissa em mãos, fica mais fácil. Barry Allen foi um personagem que me encantou. Muito bem interpretado por Grant Gustin, Barry teria todos os motivos do mundo para ser um homem revoltado, amargo, mas optou por continuar sua vida. Foi muito fácil me identificar com ele, pois Barry tinha todos os traços de uma boa pessoa: caráter, boa índole, amor pelas pessoas e pelo trabalho, além da inteligência citada na sinopse. Ver seu crescimento, e erros, pois foram muitos, tornou o personagem sólido, real. Eu vi nele um herói em formação, experimentando a alegria da vitória, a tristeza da derrota, o medo do fracasso, etc.

Grant deu um show de como fazer um herói.

Barry conseguiu deixar uma marca em todos que cruzaram seu caminho, mesmo os inimigos. As cenas dele com Joe e seu outro pai, o biológico, eram cheias de emoção e fluíam com naturalidade, como devem ser cenas entre pais e filhos. Razão não pode ser imperativa nelas ou ficam superficiais, mortas.

Jesse L. Martin como Joe West.

Joe foi outro personagem que me cativou. Embora enquadrado no estereótipo do policial experiente e correto, Joe tinha muito mais cores: a relação dele com Barry foi forte ao ponto de ele considerá-lo seu verdadeiro pai, e Joe sempre o considerou um filho. Sinceramente, a relação dos dois era das coisas que mais eu gostava de ver. Um exemplo. Iris, embora mais distante em certos momentos, também via no pai um porto seguro, um refúgio. Joe jamais fez distinção entre Barry e ela, o que pode servir como tapa com luva de pelica para muitos. Só existiam as pessoas ali, não etnias ou qualquer estereótipo racial.

Tom Cavanagh deu show como Harrison Wells.

Agora, um dos maiores vilões que já pude ver numa série se apresenta: Harrison Wells. Tom Cavanagh deu ao mundo um vilão altamente complexo, enigmático, com facetas de herói, de gênio. Wells roubou a série para si. Cada novo episódio mostrava um pedaço da real personalidade do criador do Acelerador de Partículas e como ele ia moldando os demais à sua vontade, e ninguém se dava conta. Wells estava sempre passos a frente dos demais, manipulando, ordenando, comandando, e o melhor, sempre de maneira sutil. A revelação de seus verdadeiros planos e identidade foi um dos pontos altos da série, se não tiver sido seu ápice.

Danielle Panabaker interpretou Caitlin Snow.

No primeiro episódio de Flash, tive medo de Caitlin se tornar o clichê da mulher amarga por ter perdido o homem que ama, pois ela recepciona Flash de maneira ríspida, fria. Ainda bem que os roteiristas não seguiram por este caminho. Caitlin foi um dos personagens mais presentes da série, com muitos momentos sérios, alguns cômicos e salvou a pele de Barry em muitas situações de sua vida civil. Cometeu um dos maiores furos da série, mas nada imperdoável.

Carlos Valdes como Cisco.

Cisco, embora muito inteligente e divertido, me causou ambiguidade de sentimentos; ora eu o achava fundamental, ora achava que ele pecava pelo excesso de piadas. Mesmo assim, sem ele, Barry e os demais membros dos Laboratórios Star não teriam conseguido solucionar vários problemas. Um dos melhores episódios da primeira temporada foi justamente com ele.

Capitão Frio e Onda térmica.

Um personagem que me encheu os olhos foi o Capitão Frio, interpretado por Wentworth Miller, o eterno Michael Scofield de Prison Break. Eu já adorava o ator, e vê-lo na série me deixou ainda mais empolgado em assistir. Só não esperava que Capitão Frio fosse ser um vilão tão bom: frio, cerebral, estrategista, ele ludibriou Flash em todas as oportunidades que teve, deixou-o sem saída. Eu conhecia o personagem dos desenhos da Liga da Justiça, onde sua participação foi pífia, e foi derrotado por Flash sem a menor dificuldade. Isto não ocorreu na série. Frio era um homem determinado a conseguir seus objetivos e, apesar das atitudes, tinha uma certa ética.

Outro que apareceu, mas pouco, foi Onda Térmica, interpretado por Dominic Purcell. A antítese de Frio, Onda Térmica era impulsivo, caótico, um criminoso mais bruto. Eu adorei ver a dupla reunida, porque a química deles em Prison Break era ótima, e se manteve em Flash. Dominic foi Lincoln Burrows em Prison Break, o irmão mais velho de Michael.

Candice Patton como Iris West.

Iris foi a maior incógnita de Flash. Ela nunca mostrava claramente qual seu objetivo e pra que lado iria na história. Barry, por amá-la por toda vida, cegava-se para algumas atitudes dela, e ela acabava se tornando um peso, vez ou outra. Iris só começou a ter importância na série pouco depois de sua metade, quando passou a compreender que Flash não era uma ameaça, e sim um grande aliado. Passou a agir de maneira mais condizente com o que se esperava dela e foi fundamental para Barry em determinados momentos da reta final. Ela querendo ou não, Barry precisava dela, de seu apoio. Felizmente, percebeu isso. Espero que, na próxima temporada, ela esteja mais focada.

Flash teve vários outros personagens, todos ainda em formação, então não vou me referir à eles, pois praticamente os desconheço. Ressalto que a série consegue se superar a cada episódio, com roteiros interessantes e cheios de mudanças repentinas, decisões difíceis. Há uma boa presença de humor, mas um humor natural, cotidiano, nada forçado como se vê em alguns filmes recentes de heróis. Eram situações que cabiam nos episódios, por assim dizer. A participação de personagens de Arrow foi bem encaixada e inteligente.

Contudo, Flash teve vários furos: era incrivelmente fácil adentrar nos Laboratórios Star. Não havia nenhuma espécie de segurança, nenhuma necessidade de identificação. Típica "Casa da Mãe Joana". Houve também um belo furo quanto ao Gorila Grodd. Algumas coisas pequenas, que não interferiram no andamento, mas que poderiam ser evitadas com um pouco mais de atenção e revisão dos roteiristas.

Me desapontei com o final, ou melhor, com a segunda parte dele. Até a primeira parte do episódio final, tudo ia dentro do esperado: emoção, uma decisão difícil de ser tomada, uma mudança definitiva na vida de Barry e no restante do mundo. Nada fora do comum. Eu esperava por algo diferente daquilo, mas estava plausível. Já a segunda metade... A coisa desanda: a DC optou por fazer o fácil, não o correto. Optaram por um gesto de sacrifício que serviu apenas para eliminar um personagem, não trouxe alívio. Ok, era uma situação desesperadora, mas havia tempo, havia inteligências diversas presentes e optaram por fazer um sacrifício vazio. 

Muitos podem considerar isto um ato de heroísmo, mas não vejo assim. O próprio Flash proporcionou que isto ocorresse, e isto poderia ter sido facilmente evitado. Faltou o "Plano B". A DC poderia ter optado por várias soluções diferentes, mas se decidiram pelo o que é fácil de se fazer, é cômodo e impactante. Funciona? Funciona. Mas abrevia a trajetória de um personagem que vinha crescendo, e não fico satisfeito com isso. Após aquilo, bem... Melhor vocês assistirem e tirarem suas próprias conclusões. Eu me decepcionei.

Pra finalizar, como coloquei no título deste texto, Flash é uma série espetacular, cheia de momentos tocantes, muita ação, personagens carismáticos e um humor gostoso. O que me desapontou na série pode ser motivo de orgulho para muitos outros, e isto não desabona a série em nada. Já estou ansioso pela segunda temporada e por muitas novas aventuras do herói corredor que aprendi a admirar.

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