sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Chaves: dos palcos da vida para a eternidade

Roberto Gómez Bolaños se foi, mas Chaves é eterno.

Pois é, pois é, pois é... Parafraseando a frase da Chiquinha é que começo este post. Todo mundo sabe que este dia, um dia, chegaria, mas ninguém nunca está preparado para a perda de um ícone. Hoje, 28 de novembro de 2014, Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, se foi. É difícil falar de um ícone, ainda mais um como Chaves, que vem marcando gerações tem mais de quarenta anos, e, com certeza, marcará ainda muitas outras, pois Chaves e Chapolin são atemporais em essência, mas sabíamos que este dia chegaria. Chega para todos, mesmo os que consideramos insubstituíveis.

Eu prefiro Chapolin ao Chaves, e é fácil e difícil falar dele. É fácil pois foi algo que marcou minha infância e vida como um todo, e difícil pois é algo que, ao longo de boa parte da minha vida, era rotineiro. Não mais, nos dias de hoje, mas isto não quer dizer que não foi importante na minha própria formação como pessoa.

Chaves era um humor simples, dito como ingênuo, mas com uma forte crítica social e ironia dos problemas da vida cotidiana de não apenas o México, mas toda a América Latina. Era baseado puramente no talento de Roberto para escrever e todos os outros atores em interpretar. Até os episódios similares, nenhum deles era chato quando se assistia, tamanha a genialidade da interpretação. Como uma série que começou como um esquete de humor com apenas 7 ou 9 minutos de duração e com tão baixo orçamento alcançaria tal glória? Só o talento pode explicar.

Claro, a inteligência de Silvio Santos ao trazer o seriado para o Brasil foi fundamental para que pudéssemos conhecer a obra de Roberto, mas não é o único fator. Várias outras séries vieram, no mesmo momento, e pouco ou nada marcaram. Chaves marcou tanto por conta de sua genialidade na simplicidade. Chaplin era assim. Simples, genial.

Roberto Gómez Bolaños teve seus problemas com o próprio ego, o que causou a saída de Quico e Seu Madruga, causando brigas que devem ter durado até pouco antes do fim de sua vida, mas é típico dos gênios a excentricidade. Ok, ele não ter lidado bem com a popularidade de Quico foi um erro grave que cometeu, mas convenhamos, ele já o pagou. Sua saúde frágil foi a maior prova disto. De todo o modo, imagino que, em sua consciência, Roberto tenha se arrependido de atitudes que teve e buscado a redenção, talvez diretamente com Deus ou no que quer que ele acreditasse.

Isto não apaga seu brilhantismo, nem o de seus companheiros de Chaves, nem o dos dubladores que deram as vozes que qualquer um de nós ouve só de pensar nelas. Termino este texto que, mesmo não sendo um fã de Chaves, mas admitindo sua importância quando era criança e até hoje, lamentando a partida de Roberto para uma outra vida, mas alegre por ter tido a chance de testemunhar sua obra e tendo a certeza de que Chaves será eterno. 

Que descanse em paz e com a certeza do dever cumprido com brilhantismo, Roberto Gómez Bolaños.
Este personagem era o melhor exemplo de inocência e da ingenuidade próprias de um garoto, e o mais provável é que essas características tenham gerado o grande carinho que o público sentia por ele. O espectador desconhece o nome verdadeiro de Chaves, assim como desconhece quem vive com ele na casa de número oito do cortiço. — Bolaños, sobre o protagonista da série.

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